Eu poderia dar-lhe muitas
coisas:
flores, mas elas murcham;
chocolates, mas eles acabam;
livros, ah! livros, como queria
lhe dar livros, mas você
não gosta de ler.
Poderia lhe dar algo único, exclusivo,
Classe A, mas não tenho dinheiro.
Aliás, estes comprados por dinheiro
você é imbatível a mim.
Pra não errar, então, resolvo lhe dar algo que ninguém
mais no mundo é capaz;
Que continua exclusivo, mas é muito barato,
quase doação,
E você tem demonstrado gostar.
Dou-lhe minha presença enquanto
ela lhe for o presente.
de 31/12/2011 a 01/01/2012, dizem ser um Novo Ano!
Feliz!
sábado, 31 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Vou-me com o vento
Provocado a estar no olho do furacão.
“O olho é uma área quase circular de ventos comparavelmente calmos e tempo bom encontrado no centro de um ciclone tropical intenso. Embora os ventos sejam calmos no eixo de rotação, pode ocorrer também ventos intensos nessa região. Há pouca ou nenhuma precipitação e muitas vezes pode-se ver céu claro nessa região.
O olho corresponde à região de pressão de superfície mínima e de maiores temperaturas nos níveis mais altos: 10°C mais quente do que o ambiente a 12 km de altitude, mas apenas 2°C no máximo mais quente ao nível de superfície.
Seu tamanho varia de 8 a 200km de diâmetro, mas em média temos ciclones tropicais com diâmetro de olho em torno de 30 a 60km.
O olho é circundado pela parede do olho (área aproximadamente circular de convecção profunda) correspondendo à área de ventos de superfície mais intensos. O olho é composto de ar que apresenta movimento levemente descendente enquanto que a parede tem um fluxo resultante ascendente de moderado a fortes correntes ascendentes e descendentes.
A convecção da parede do olho é fundamental na formação e manutenção do ciclone tropical. Convecção em ciclones tropicais é organizada e alongada na mesma orientação do vento horizontal, sendo chamadas de bandas espirais pela típica formação em espiral. Ao longo dessas bandas a convergência em baixos níveis é máxima e, assim, a divergência é bem pronunciada nos altos níveis.”[1]
Eu estou no olho do furacão. Qualquer pisão dentro do fora ou fora do dentro, vou-me com o vento.
[1] Disponível em http://re_passando.dihitt.com.br/noticia/o-que-e-o-olho-do-furacao. Pesquisado em 26/05/2011.
Texto produzido a partir das provocações da disciplina Educação e Filosofias da Diferença, PPGE - Faculdade de Educação – UFJF. Mai-2011.
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Os animais da escola.
Uma cáfila se forma. São vários, uns com duas ou três ou quatro corcovas, alguns calombos, calos, indefinidos; restam em alguns, ainda, apenas uma corcova, confundidos, por vezes, a dromedários – falta-lhes identidade – tamanho peso preso às costas. E sempre o mesmo comportamento, sempre em fila, sempre ruminante de tanto ingerir, tranqüilos, quase tudo.
Mas rugidos também são ouvidos, fortes, agudos, agudíssimos – talvez de uma leoa acuada, sem filhotes ou quem sabe, na flor da idade, em tempo de acasalamento precoce. Aos saltos, vão surgindo entre a linha reta dos camelos, alguns leões, ainda sem juba formada, mas com ferocidade comprovada e tentativas, ineficazes, de domesticação.
E entre tamanha bicharada, surge também, saltitante, às vezes em linha reta, às vezes fazendo giros, cantarolando ou totalmente mudas, mas surpreendendo sempre, umas poucas crianças. Não é possível classificar seu comportamento, nem tão pouco limitar sua ação, ela é capaz de tudo, e, sobretudo, realizar o novo, sem muito, de novo, e de novo, e de novo. Mas mesmo assim, ninguém a compreende. Ou por isso, poucos compreendem. Tolos adultos.
Você pode estar pensando que se trata de um safári, ou quem sabe de um passeio ao zoológico – mesmo porque camelos e leões vivem em habitat diferentes. Mas não. Estou dizendo da escola. Desse lugar que deveria ser o lugar do devir-criança potencial, mas está mais para um espetáculo de circo no qual o horror seria o grande número do dia.
Ao entrar nas escolas, vemos disseminada uma postura educadora em busca de camelos-crianças, prontas para receberem todo o peso do conhecimento, dos dogmas pedagógicos, dos conteúdos especializados, da razão organizadora – única maneira de compreender e viver no mundo.
Há também os leões-crianças. Estes entendem as regras. Repetem, como os camelos-crianças todas as frases de ordem, decoraram – porque ainda não conseguem ler – muito bem as regras afixadas nas paredes que dizem: respeitem os professores, não grite, não brigue, não saia do seu lugar, não suba na cadeira. E na primeira oportunidade, já estão rugindo, burlando qualquer tipo de lei imposta, mas não compreendida por eles. Os professores – que pouco conversam com seus leões, por julgá-los selvagens e destituídos de qualquer tipo de linguagem cognoscível – assumem então, suas posturas domadoras, e aos berros enfurecidos – já se foi aí qualquer tipo de lei, bom senso ou combinado – tentam dominar os leões-crianças, que após tanta correria, cansam-se e esperam pelo outro dia, já descansados, para por em prática todo sua capacidade, potencializada por este evento, de contestação pueril.
No entanto, restam ainda as crianças-crianças. A forma potente para criar, um novo. Estas, frente a leões e camelos, se esquivam, deslizam, seguem as regras, mas questionam o porquê, criam novas. Mas sem rugir, nem tampouco carregar um fardo tão grande, tão pesado para ombros ainda em formação. Espertas, às vezes acrescentam mais peso às crianças-camelo, contudo, dividem o fardo em momentos oportunos; em outros, rugem junto aos leões, menos para burlar as regras, mais para testar sua capacidade vocal. Querem talvez, mostrar que toda criança tem algo de selvagem, algo de resignado, algo de novo, como todo humano. Mas a condição selvagem, nem tampouco, a condição camelo podem roubar delas a sua condição primeira, criança.
Não pode ser a toa que Nietzsche, ao descrever sua metáfora para as três metamorfoses do espírito tenha escolhido a forma criança. Ou pode. Apesar de não ser uma fábula específica, como toda obra deste pensador não o é, limitada a respeito da condição aqui da criança empírica – um ser humano no início de seu desenvolvimento[1] – a narrativa pode servir para problematizar o modo como as crianças e jovens são tratados em algumas instituições escolares.
Como garantir que as crianças impíricas, transmutadas, condicionadas como camelos e leões, possam de fato, assumir sua condição plena, metamorfoseada em criança-criança? Simplismente crianças – “Ser simples requer muito esforço.” Clarice Lispector. Eis o fardo para o camelo-professor que, contra o sistema, tornar-se-á o leão-professor, para então, metamorfosear-se em criança-professor. E teremos crianças, muitas crianças, e potentemente o novo. Ou tudo isso não faz sentido nenhum, e releio novamente o texto de Nietzsche.
Texto produzido a partir das provocações da leitura “Das três metamorfoses do espírito”, do livro Assim Falava Zaratustra, de Frederich Nietzsche, nos encontros da disciplina Educação e Filosofias da Diferença, PPGE - Faculdade de Educação – UFJF. Jun-2011.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Modo outro de ver com todos os sentidos: 50 anos de uma vida artística
Provavelmente quem vai ler este texto não pode ainda ver do que ele se trata. A história tem 50 anos, mas o acontecimento é incalculável. As personagens possuem superinstintos, mas longe do tradicional clichê dos superpoderes. São humanos, demasiado humanos. Ela se passa no Nordeste; no interior rural do Brasil, mais especificamente, nas Minas Gerais. É uma história de amor de duas, três, quatro pessoas; de umas famílias que já existiam e de outra que se formara às cegas do destino. O primeiro encontro deu-se no Instituto Benjamin Constant[1], no Rio de Janeiro. Mas antes de lá chegar, D. Luiza, viajando sozinha de Fortaleza ao Rio, para em Recife para almoçar junto de outros amigos de viagem, dentre eles um padre. O garçom oferece arroz, feijão, farofa e um pinto (um frango). Sentiu-se constrangida em comer o pinto, em pegar o pinto com as mãos e devorar na frente de gente nem tão íntima. Achou que todos a olhava, a observava naquele momento. Não viu nada, mas apesar disso se sentiu vigiada enquanto comia, ou melhor, enquanto não comia o pinto. Quem é que nunca se sentiu constrangido ao pensar que está sendo observado? “Comi só o arroz, o feijão e a farofa, rodeando, e o pinto ficou.” Ri. “Se pegasse com a mão, poderiam pensar: ‘nossa que menina mais porca.’” Continua a rir, enquanto almoça na mesa junto ao seu marido José Paulo, sua irmã Margarida, seus dois filhos, nora, netos e amigos, o delicioso prato cheio de variada salada, pernil com abacaxi, arroz e farofa.
Corre pra lá, passa pra cá. Trombo na porta. Não consigo achar o interruptor da luz do banheiro, no escuro, percorro minha mão pela parede, sem sucesso. Volto-me ao lado de fora, enfim, percebo o acendedor da luz. Fiat lux no banheiro. E vamos inventando trajetos na casa. Caminham seguros, reconhecem objetos, esquivam-se dos obstáculos à frente. Quando encontram desafios, batem, mas de forma leve: não há arranhado, medo ou roxo aparente. Logo encontram um novo caminho. O lugar já não é o mesmo, é dia de festa, bodas de ouro. Tem cadeira no meio do caminho, tem mesa; gente, muita gente falando. “A falação me deixa um pouco desnorteada.”, desabafa Margarida, irmã da anfitriã da festa. Veio sozinha de Fortaleza para participar dos festejos. Não gosta de ser chamada de dona, “Não sou dona de ninguém.”, risos, muitos risos. Enquanto isso, senhor José Paulo não para: desce degrau, vasa os cômodos, vai ao galinheiro, quase não o vejo dentro de casa, só em trânsito. Será que está nervoso, ansioso para ver tanta gente junta só para vê-lo? Talvez. Fico sabendo que ele é mais tímido que a esposa D. Luiza. Ela conta, de pé, apoiada numa pia de louça verde no canto da sala (característica das antigas casas de fazenda ) que quando recém casada, não a deixavam fazer muita coisa, pensava: “Aonde vim parar.” Sempre tinha alguém por perto. Mas com o tempo, com algumas mudanças e perdas que a vida impõe, foi se aventurando e mostrando que era capaz. “Sentido o cheiro, ouvindo o barulho, assim cozinhava.” Assim inventava o mundo e ia inventando a si mesma. Teve três filhos, todos videntes. Participa ativamente da vida da comunidade, principalmente da religiosa. É catequista. A imagem que mais tem nítida na memória do tempo em que ainda via com os olhos é a da festa de Nossa Senhora da Imaculada Conceição. Comento sobre leitura que fiz de um texto que relata a experiência numa oficina de cerâmica do Instituto Benjamin Constant, com pessoas com deficiência visual adquirida. Que se conecta com minhas pesquisas de modo de invenção de mundo e de si. Eu ali, totalmente conectado com aquela vida. Logo me vem o texto que li: O lado de dentro da experiência: atenção a si e produção de subjetividade numa oficina de cerâmica para pessoas com deficiência visual adquirida de Virgínia Kastrup, artigo que faz parte do livro Entre composições: formação, corpo e educação (2011), presente da amiga e uma das autoras, Nina. Sentindo. Agora, sim, mais sentido. Outro sentido. Puros sentidos. Heterogêneos sentidos. Híbridos sentidos. Sentido outro.
Margarida diz que a serra de Petrópolis é tão linda como as do Ceará. “O mar é lindo. Adoro o mar.” Alguém interrompe, risonho e provocativo: “Mas Margarida, você vê?” Nem um pouco acanhada, segura do que diz, logo responde: “Bem, eu não vejo assim (gesticula com os braços), mas sinto, aí eu vejo; aí eu digo que vejo: as ondas, a areia. Gosto muito.” Completa. “Eu digo que vejo porque assim é. Se eu pego, sinto, assim é meu modo de ver. Vejo se é bonito ou não.” Continua Margarida. “Não gosto de ser chamada de cega, porque cega é quem não vê, eu vejo!” Margarida criando seu modo de ver o mundo. Alguém tem dúvidas? Eu não. D. Luiza segue compartilhando. “Quando disputei a primeira vez as eleições, recebi 13 votos. Nem o Zé Paulo votou em mim (...) Disse que lugar de mulher é dentro de casa.” Margarida que está do outro lado da sala, sentada numa poltrona, rapidamente argumenta: “Pois é, tem até a Dilma Roussef.” “Tem muita compra de voto, muita troca de favor. Na segunda vez que disputei recebi 17 votos.” Triunfante elenca os que se juntaram aos outros 13 votos anteriores. “Dessa vez Zé Paulo votou em mim.” Conta ainda que nesta época de eleição, afixou uma faixa perto de sua casa com uma frase de um russo, que defendia um posicionamento ético na política. “Zé Paulo disse que ninguém ia ler, mas leram.” Na noite que antecedia a votação, o candidato a vice-prefeito da mesma coligação que D. Luiza, depois de vir de suas investidas da madrugada, em busca de votos certos, disparou foguetes enfrente a sua casa. “Se eles não são capazes de votar em quem conhecem, como vão escolher os que eles não conhecem, governador, deputados, presidente.” Explicando o que aprendeu com a derrota. A importância da micropolítica. Vontade de perguntar se já ouvira falar em Deleuze, na diferença, no rizoma, na potência de vida. Bobagem minha. O importante que, conhecendo ou não, ela atualizava, com aquelas relações, o conceito de sujeito da experiência de Jorge Larrosa e tantos outros estudos e dizeres deleuzianos. “Percebi que aquilo ali não era política, mas foi preciso entrar para saber como é.”
Mas D. Luiza, a senhora tem que conversar com outras pessoas, partilhar esse modo tão especial de viver. “Pois é, o meu psicólogo me chamou para ir ao abrigo conversar com os adolescentes de lá. Jovens com problemas com droga, outros com família desestruturada.” Ri, enquanto mantém a postura ereta e fixamente direcionada a mim, fitando-me o tempo todo. “É, mandou uma combi só pra me buscar, até brinquei que não estava tão gorda assim.” Gargalhamos. “Pedi então para receber o lanche junto aos adolescentes, para me aproximar, pra ver se me aceitavam. Ouvi uma menina comentando com outra que havia recebido toda a prova pelo celular. Comentei com o psicólogo. Eles (psicólogo e outros trabalhadores do abrigo) lancharam em outro lugar, para deixar os adolescentes mais a vontade. Ele me disse que poucas vezes os adolescentes se comportaram tão bem, sem brigas e desentendimentos. Eles me aceitaram.” Ri, meiga e orgulhosa. Uma vida inventada, potencializando a invenção de outras relações, outras vidas.
Eu fiquei feliz. A felicidade de um encontro. A alegria de ser potencializado por aquela vida única que atravessara tantas assim como a minha. “Coitadinha, não gosto dessa palavra.” “Não me sinto deficiente, porque deficiente é quem não consegue fazer nada.” Com nenhum resquício de ressentimento, observa D. Luiza.
A roupa era de cor branca, talvez branco gelo, com pequenos traços acinzentados em alto relevo. Sapatos com uma bela flor de tecido, quase no mesmo tom da roupa. O cabelo tão leve, tão fino, branco com algumas mexas cinzas de dar inveja a qualquer vovó de conto de fadas, teima em não ficar quieto, no lugar. “De castigo”, como ela diz sorridente, enfrente ao banheiro, enquanto espera que senhor José Paulo a atenda para entregar a ele as roupas. “Os brincos e o colar, sabe onde deixaram?” Senhor José Paulo aparece, impecável: blusa azul para dentro da calça, botões em suas casas, cinto; só lhe falta as meias e os sapatos, calçados pouco antes de entrar no carro, porque ainda faltava alimentar e abrigar o papagaio. “Achei este colar aqui, bonito?”, pergunta D. Luiza, já pronta. Priscila só faz os últimos ajustes. “Pronto!” Estão lindos! Um casal lindo, que conserva a mesma beleza de tempos passados guardados nas fotos.
Mas há uma beleza que meus olhos não podem ver. Sou deficiente. Eles não são. O que é? São especiais. Mas fora dessa conversa politicamente correta para deficientes. São capazes de fazer da vida coisa especial. Especialistas, isso sim. São capazes de mostrar e ver coisas que escapam a qualquer olhar atento dos olhos. Nós, neste caso, somos capazes apenas de sentir. Eu só sinto. Como disse Margarida, eles vêem com outros sentidos. Humanos. Que inventam e que mais desafiam a vida do que aceitam. Descobrem na deficiência dos outros a potência de suas vidas. Resta-nos apenas observar, aprender, compartilhar dos festejos. A comemoração termina da forma que acredito, mais agradar D. Luiza e senhor José Paulo, uma missa, um sonoro “Amém”. Que seja para sempre a provocação desta vida em mim, potente, inventiva. Uma vida artística, feita de duas vidas, mais três vidas, mais e mais e mais... é isso: vida!
[1]Instituto Benjamin Constant é um centro de referência nacional para as questões da deficiência visual, e acha-se ligado ao Ministério da Educação. Possui uma escola, capacita profissionais da área, assessora escolas e instituições, oferece consultas gratuitas à população, possui oficinas de reabilitação e produz material especializado, impressos em braile e publicações científicas. (KASTRUP, 2011) Mais informações acessar http://www.ibc.gov.br
Obrigado Fernando por abrir as portas de sua casa e de sua família. Obrigado Wolnei por ter me acompanhado.
Lembrei de Roberta Stubs dizendo: "Hoje eu encontrei uma vida!" Eu também.
Lembrei de Roberta Stubs dizendo: "Hoje eu encontrei uma vida!" Eu também.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Que arte contemporânea?
“Pertence realmente ao seu tempo, é verdadeiramente contemporâneo aquele que não coincide perfeitamente com seu tempo, nem se adéqua a suas pretensões e é, portanto, nesse sentido, inatual mas exatamente através desse deslocamento e desse anacronismo, ele é capaz, mais do que os outros, de perceber e aprender o seu tempo”(Giorgio Agamben - O que é o contemporâneo e outros ensaios, 2009, p.58-59).
"A fonte". O objeto foi vandalizado em 6 de Janeiro de 2006, no Centro Pompidou, em Paris, por um francês de 77 anos que a atacou com um martelo. O vândalo foi detido logo em seguida e alegou que o ataque com o martelo era uma performance artística e que o próprio Marcel Duchamp teria apreciado tal atitude. A obra sofreu apenas escoriações leves.
Durante sua arte viva, Duchamp combateu a mercantilização da arte, os padrões e espaços tradicionais da arte em que o fazer artístico estava enclausurado.
Hoje, sua fonte está no museu, avaliada em mais de $3 milhões de euro.
A história da arte rescente.
História da ARTE? o que mudou?
Onde está a arte?
Contemporâneo???????????????????
E se arte é incomensurável a ponto de nada valer;
E o artista o que é?
Ladrão de dinheiro.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Poesia sem palavrões
Eu
fudido
sem grana.
Desejo
fuder
quem
anda
fudendo
os
fudidos
como
eu.
................<>..........................................................<>...
Hoje, quero drogar-me.
Drogar-me de verdade,
não na verdade.
Quero um duplo
copo de pura água,
porque nela há muito:
minerais, ácidos, phs, oxigênio e hidrogênio.
Meu corpo
não suporta mais que
a alucinação
da sobriedade
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Foi-me dada a missão de escrever.
Juiz de Fora, 25 de setembro de 2010.
CAIC - Santos Dumont/MG (outubro/2011) |
Foi-me dada a missão de escrever. Mas não escrever qualquer coisa ou sobre qualquer coisa. Escrever sobre minha pesquisa. Não de qualquer forma, mas em forma de carta. Uma correspondência endereçada a você leitor, curioso e avaliador. Quero deixar próximo à fala.
Endereço a minha indagação a você, esta que me indaga desde o momento em que li Jean-Fraçais Lyotard[1]: Como desfragmentar um processo que já não se sabe onde começou e não se sabe aonde vai parar?
Não vou responder a esta pergunta. Aliás, este é um trabalho forjado (adoro essa palavra for-ja-do, o som e a escrita, o jota que balanceia o meio da palavra, que desnivela, que traz o novo a forma que acompanha a linha) na experiência. Não é um experimento aplicável a qualquer realidade. É único, que deu resultados, mas que é impossível de repeti-lo. Pense você na indagação em relação à educação. Se quiser começar, pule daqui para a bibliografia que indico, basicamente Paulo Freire, especificamente, a Pedagogia da Autonomia[2]. Lá você encontrará mais subsídio, mais indagações que confundirão sua cabeça, que causarão o caos e daí, você encontrará o seu caminho. Não trarei nada de novo. “Não há ‘história’ para ser contada – todas as histórias já são conhecidas.” (COHEN, 2009, p.89) Não falarei nada de novo. Ou falarei. Apresentarei o caminho que percorrera, que percorro e que percorrerei (ou indícios dele, o que não quer dizer que serei cativo das palavras que escrevo). Hoje penso assim, assim vejo o futuro, mas só no futuro poderei ver o que de fato se tornou o presente. Isso é a vida. Mutante, não previsível, insegura e por isso, viva!
Falarei da minha vida. Da minha vivência. Como me permiti viver tudo o que li. Como sofri quando me impediram que vivesse. E como sobrevivi depois que me impediram que vivesse. E principalmente, como [ser] vivo.
A vida enquanto transformação permite inúmeras reorganizações que fogem a uma análise puramente racional. As simbioses, os processos de cooperação, de reorganização de relações na natureza, as mutações, criaram indivíduos potentemente mais adaptados a resistir a novas situações. É isso a evolução, a perpetuação da existência incompreendida.
Partindo do pressuposto que o homem é parte da natureza e por isso, tudo o que realiza é natural – da natureza da natureza humana – ele também muda suas relações de transmissão de sua natureza, por nós chamada cultura. Sendo a educação um aspecto desse grande área, ou entendido como um valioso meio para propagação dela, cada grupo humano busca a melhor forma para perpetuar sua cultura, grupos que sistematizam mais complexamente esta transmissão costumam chamá-la de sistema educacional.
Os gregos que são, em muitos aspectos, nossos precursores culturais sistematizaram o ensino de sua cultura sob um conceito: Paidéia[3]. Na Paidéia grega o ensino da cultura estava fundamentado numa integração do conhecimento humano, não havendo distinção entre o que cada “aluno” aprendia: o cidadão aprendia sobre filosofia, matemática, astronomia, arte entre outras habilidades, que aqui não sou capaz de dizer. Ao olharmos também para o passado com os gregos, vemos a figura importante – ou pelo menos cismamos em atribuir tamanha importância ao artista, ou melhor, às obras artísticas na formação da vivência humana grega. Ao analisarem (JAEGER, 2001) textos gregos que resistiram ao tempo viram uma literatura preocupada com aspectos filosóficos, políticos, sociais, religiosos, bélicos: humanos.
Se for possível dizer isso, acho importante salientar que naquela época não havia especialistas e sim pesquisadores multidisciplinares.
A cultura que hoje chamamos de ocidental tem notável influência daquela grega, se aquela não for a determinante. A curiosa pergunta que faço: em que momento da antropofagia, a cultura ocidental perdeu este aspecto multidisciplinar e buscou uma fragmentação limitante? Não estou dizendo que a vida grega fora perfeita, mesmo porque também fora limitante: somente cidadãos tinham direitos; mulheres e escravos estavam excluídos do privilégio do conhecimento. Mas, por que os estudiosos contemporâneos (palavra banalizada atualmente e que se faz presente em minhas indagações) cismam em fragmentar o conhecimento? Limitam-se a estudar um aspecto, como se fosse possível segmentar a vida e/ou a vivência.
No entanto, neste momento não é necessário responder e também não será possível questionar tais aspectos, visto a natureza limitada de uma monografia. O mais interessante agora é buscar aspectos, vivenciar os ganhos de uma educação integral, que se entende como integralmente humana e não em tempo integral.
[2] FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
[3] JAEGER, Werner Wilhelm. Paidéia: a formação do homem grego/tradução Artur M Parreira;[adaptação do texto grego Gilson César Cardoso de Souza] 4ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
MENDES, T. M., Introdução. In:.____. Do artista ao educador e artista OU Do artista na sala de aula e do educador no palco OU Sobre uma vivência da arte. 2011. Monografia (Pós-Graduação) - Teatro e Dança na Educação, Faculdade Angel Vianna, Rio de Janeiro. 2011.
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Experiência educadora - by dona Margarida
De modo prático, esta educadora prestigiada mundialmente apresenta um modelo de ação simplificado, já difundido em diversas redes de ensino públicas e privadas do país. Veja algumas dicas, o quanto você é atual e inatual ao trabalhar com educação.
Conselhos fundamentais:
"É que a escola é um segundo lar."
"A obediência. É a rainha de todas a qualidades. Tem até uma quadrinha muito bonita numa história para criança que vocês todos deviam aprender. Diz assim:
E quais são as que merecem?
São aqueles que obedecem!"
E quais são as que merecem?
São aqueles que obedecem!"
"Tem muito pouca coisa que dá pra ver no mundo. Quase nada se vê. Por isso vocês ouçam bem as palavras de dona Margarida: se algum dia vocês virem alguma coisa podem se dar por felizes. Hoje em dia não se vê quase nada por aí. São poucos aqueles que veêm alguma coisa. Vocês, por exemplo, não veêm absolutamente nada. Não veêm coisa nenhuma! Se vissem, não estariam pagando uma fortuna pra estar dentro desta sala de aula fazendo o que eu quero! Feito uns babacas! Vocês aqui não participam de nada!"
Conselho para uma boa aula interdisciplinar ou multidisciplinar de matemática e português, para o ensino fundamental:
Conselho para uma boa aula interdisciplinar ou multidisciplinar de matemática e português, para o ensino fundamental:
"O homem que lê é superior ao homem que não lê. Na conta de divisão, que dona Margarida ensinou a vocês agora pouco, o homem que lê sempre leva vantagem. Vocês se lembram bem da conta de dividir? É o grande princípio da matemática! Lembrem-se sempre do probleminha dos buracos e dos cassetes. O homem que sabe ler sempre leva mais cassetes."
"Biologia é a ciência da vida. Da vida alheia. A ciência da vida privada chama-se medicina."
"Há três grandes princípios da biologia. (...) O terceiro princípio é o mais importante. É o fim da biologia. Eu, como professora de vocês, tenho que anunciar uma coisa que vocês, como crianças, ainda não sabem. Mas têm que saber. É que vocês todos vão morrer. Todos, sem excessão."
Considerações finais:
"Dona Margarida ainda tem muito para ensinar a vocês. Agora vão todos para as suas casas. E lembrem-se das palavras de dona Margarida: procurem fazer sempre o bem. É a única coisa que traz a felicidade. Procurem fazer sempre o bem. Até a próxima aula."
texto Apareceu a Margarida - roberto athayde
Aula de Biologia:
"Biologia é a ciência da vida. Da vida alheia. A ciência da vida privada chama-se medicina."
"Há três grandes princípios da biologia. (...) O terceiro princípio é o mais importante. É o fim da biologia. Eu, como professora de vocês, tenho que anunciar uma coisa que vocês, como crianças, ainda não sabem. Mas têm que saber. É que vocês todos vão morrer. Todos, sem excessão."
Considerações finais:
"Dona Margarida ainda tem muito para ensinar a vocês. Agora vão todos para as suas casas. E lembrem-se das palavras de dona Margarida: procurem fazer sempre o bem. É a única coisa que traz a felicidade. Procurem fazer sempre o bem. Até a próxima aula."
Desde de 1973 dona Margarida excursiona pelo Brasil, América Latina, EUA e Europa.
Estamos em negociação para uma possível presença na nossa região.
Torçam todos, pelo bem da educação!
Estamos em negociação para uma possível presença na nossa região.
Torçam todos, pelo bem da educação!
texto Apareceu a Margarida - roberto athayde
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Onde estão estes homens de quem ele falou? Será agora o tempo robusto?
O texto a seguir é do final do século XIX. O que guarda de atual é assustador e fascinante.
"Seria necessário um gênero de espíritos diferentes dos atuais, espíritos fortalecidos para a guerra e para a vitória, em quem a conquista, as aventuras, o perigo e a dor fossem necessidades; seria necessário o ar vivo e ligeiro das alturas e das neves perpétuas; seria necessária uma malícia sublime e consciente, a malícia da saúde plena. Mas é hoje possível?... Contudo numa época qualquer, em algum tempo mais robusto que o atual, será necessário que venha este homem 'redentor' do grande amor e do grande desprezo, este espírito criador cuja força de impulso 'fará' ir cada vez mais longe de todo o sobrenatural, o homem cuja solenidade será menosprezada pelos povos como se fosse uma fuga: este homem há de profundar, há de abismar-se, há de enterra-se na realidade para ressuscitar um dia e redimi-la na maldição que é o ideal do presente e da sua natural consequência, o grande tédio, o niilismo; este sol do Meio-dia e do grande juízo; este salvador da vontade, e a sua esperança; este antiniilista, este vencedor do nada, é necessário que venha um dia..."
A genealogia da Moral, p. 61 - Friedrich Whilhelm Nietzsche
A genealogia da Moral, p. 61 - Friedrich Whilhelm Nietzsche
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
será que o futuro chegou Hannah?
"O que é decisivo é que nossa tecnologia, que ninguém pode acusar de não funcionar, é baseada nestes princípios [arbitrariedade leviana de opiniões irresponsáveis], e que nossas técnicas sociais, cujo o campo de experimentação real se encontra nos países totalitários [do capital] tem apenas de superar um certo espaço de tempo até serem capazes de fazer para o mundo das relações humanas e dos assuntos humanos tanto quanto já foi feito para o mundo dos artefatos humanos."
Entre o passado e o futuro - Hannah Arendt, p. 125
Entre o passado e o futuro - Hannah Arendt, p. 125
terça-feira, 22 de novembro de 2011
aula de história por dona Margarida
"Sabe qual é o grande princípio da história? Todo mundo quer mandar nos outros. Exatamente como dona Margarida manda em vocês. Vocês aqui não tem querer. Vocês fazem aquilo que dona Margarida quer quando dona Margarida quiser. E ainda pagam por isso. Pois na história é a mesma coisa: todo mundo quer ser dona Margarida!"
Apareceu a Margarida - Roberto Athayde. p. 125
Apareceu a Margarida - Roberto Athayde. p. 125
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
segunda-feira, 7 de novembro de 2011
sábado, 5 de novembro de 2011
sobre abrigo e sobre perfurá-lo
[...]os homens não deixam de fabricar um guarda-sol que os abriga, por baixo do qual traçam um firmamento e escrevem suas convenções, suas opiniões; mas o poeta, o artista abre uma fenda no guarda-sol, rasga até o firmamento, para fazer passar um pouco do caos livre e tempestuoso e enquadrar numa luz brusca, uma visão que aparece através da fenda [...] Então, segue a massa dos imitadores, que remendam o guarda-sol, com uma peça que parece vagamente a visão; e dos glosadores que preenchem a fenda com opiniões; comunicação. Será preciso sempre outros artista para fazer outras fendas, operar as necessárias destruições, talvez cada vez maiores, e restituir assim, aos seus predecessores, a incomunicável novidade que não mais se podia ver. Significa dizer que o artista se debate menos contra o caos (que ele invoca em todos seus votos, de uma certa maneira), que contra os "clichês" da opinião (DELEUZE e GUATTARI, O que é filosofia?, p. 262)
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Queria Saber arrancar, furar...
Queria ter o controle...
Queria saber parar quando quero,
começar quando devo e aprender o que preciso.
Queria não Ser assim.
Queria não ser enganado,
queria não enganar.
Queria fazer parar.
Queria chorar quando ter vontade
E falar tudo o que penso.
Queria viver por viver, viver puro prazer...
Esse é o problema: Quero de mais!
maio/2008
Queria ter o controle...
Queria saber parar quando quero,
começar quando devo e aprender o que preciso.
Queria não Ser assim.
Queria não ser enganado,
queria não enganar.
Queria fazer parar.
Queria chorar quando ter vontade
E falar tudo o que penso.
Queria viver por viver, viver puro prazer...
Esse é o problema: Quero de mais!
maio/2008
terça-feira, 1 de novembro de 2011
Tempo do medo e anestesia
continuação do Manifesto de arte, Viva!
Quero o torpor deles. Quero saber qual a droga que consomem dia a dia que os mantêm moribundos, alheios, neste mundo no qual dizem não conseguir viver. Mas não tem coragem de deixar. Paradoxo não entendido, mas explicado. Porque EU já morreu.
Vivemos no tempo do medo. Medo da morte. Por isso, ainda não enterramos nosso defunto. Não entendemos as mortes cotidianas. Todo dia é morte. Sentimos medo da morte, assim mantemo-nos moribundos: zumbis, anestesiados.
Nada no mundo é capaz de nos atravessar com tal violência que nos tire um segundo de vida como a morte: nem guerras, nem ditaduras, nem fome na África, nem o frio anual das pessoas da rua, sem roupa. Nem discriminação das minorias, nem ignorância sabida, nem política governamental, nem alienação dos direitos, nem falta à Educação.
Estamos vivendo num mundo que só busca o prazer, mas não o prazer hedonista, é pior. Querem a legalização do torpor sintético, já que sabem não ser possível parar a dor.
Não é o prazer pelo prazer. É o prazer do medo. Medo da dor. Medo da morte.
Queremos (quem, nós?) o prazer, inutilmente acreditando na cessão da dor. Idiotas que somos. Pois a dor vem multiplicada e temos que consumir mais, e consumir tudo. E ver a beleza e o equilíbrio.
Negamos a dor. A dor que nos desperta o humano. Que nos desperta o animal humano.
A arte desperta outro torpor. Ou é fruto do torpor, torpor do não saber fazer de outro modo. O prazer do momento do feitio, do instante criativo.Não fazemos arte observando. Lembramos, pois sempre esquecemos: Hitler foi grande admirador da arte. Mandou construir monumentos, bustos para perpetuar a história. Arte não é constância, não é bem que se endereça, que se cultive. É coisa que passa, fugaz, foi.
Quero o torpor deles. Quero saber qual a droga que consomem dia a dia que os mantêm moribundos, alheios, neste mundo no qual dizem não conseguir viver. Mas não tem coragem de deixar. Paradoxo não entendido, mas explicado. Porque EU já morreu.
sábado, 29 de outubro de 2011
Recado de Nietzsche aos educadores:
"Em suma, o que logra o castigo no homem e no animal, é o aumento do medo, a finura da perspicácia, o domínio dos apetites: neste sentido o castigo 'doma' o homem, mas não o melhora; talvez pelo contrário (dos escarmentos saem os avisados, diz o adágio; mas também nascem os maus, e às vezes, por fortuna, os estúpidos)."
p.50
A Genealogia DÁ Moral
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
corpoescritatecido
Como falar quando se está amordaçado? E sem língua, agora, só linguagem.
Eu não sou analista. EU não sou. Não sou mestre(ando). Eu não sou doutor(ando). Eu não sou artista. EU não sou. Mim só não saber viver de outra forma.
¬¬¬
Deleuze assinou minha alforria. Que vale alforria num mundo liberto, da liberdade, livre? Ela não vale nada.
O ópio é estar junto dos iguais. Estou aqui porque não me identificando com todos.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Manifesto de arte, Viva! [apesar do tempo, vale sempre lembrar]
Jorra ainda da fonte o sangue hemorrágico da arte. Ela morreu.
O histórico
Apesar de tanto tempo, ainda não superamos o luto da morte de Duchamp e seus comparsas. Não houve revolução que restabelecesse o caos criativo. Vivemos em tempos ordenados, não é possível conexão, o corpo dicotômico cisma em si: fala um, faz outro.
O caos não é o sem ordem, é a des-ordenação, não óbvia, o novo.
A fonte secou. Ela está enclausurada em algum museu europeu (ih, rimou!). AINDA!? É hora de lembrarmos a utilidade do objeto: fazer xixi, urinar de pé, sobre dois pés, bípede: condição humana. Temos que re-viver ou viver a objetividade do mictório, nos lembrar de nossa condição humana. Hum... a morte!
Conclusão
Onde estamos errando, meu deuseS? Procuremos o local d’onde aquele francês retirou aquele objeto, devolvê-lo ao seu lugar. Já se tornou inútil [útil] de mais. É hora de concluir o funeral da arte que se mostra mais ou menos há um século. Ela já não serve mais. Serviu a quem?
Não somos de guardar luto. Contemplamos, pecando cada vez mais, com olhos marejados de temor, perplexos, paralisados o símbolo morto do homem seminu de braços abertos. O que estamos esperando?
E o que vem depois: vida, pós-morte.
Coisas coladas: George Maciunas, um dos fundadores do Fluxus, redige em 1963 um manifesto em que diz: "Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual', profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte morta, da imitação, da arte artificial, da arte abstrata... Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos [...]". retirado de http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=3187
Tempo de Netuno
É.
No furacão. Tudo medido para que o acontecido não acontecesse. Inútil tentar controlar.
Agora, é voar um pouco. Girar por muito, sem saber onde parar, quando parar. Agarrar alguma coisa.
É preciso?
E o corpo e a arte? Onde está a arte? Que arte?
Arte verborrágica só se for literatura, fora isso, não é. Não serve para nada. Teorias, teorias, teorias contra teorias.
Enquanto puderem, enquanto quiserem, enquato mentirem: escrevam o já escrito de um jeito novo. Ou escrevam o não escrito de um jeito já dito. Mas nestes dois casos, nada de novo. De novo.
Para o novo, escreva o não escrito de um jeito-modo não dito. Compreendido, talvez. Certo é que será tecido de prazer e o entendimento, este amigo da razão, por horas não goza, só pensa. E pesa.
Arte é prazer que cria seu próprio entendimento, que cabe em tudo, mas nem tudo cabe à arte.
No furacão. Tudo medido para que o acontecido não acontecesse. Inútil tentar controlar.
Agora, é voar um pouco. Girar por muito, sem saber onde parar, quando parar. Agarrar alguma coisa.
É preciso?
E o corpo e a arte? Onde está a arte? Que arte?
Arte verborrágica só se for literatura, fora isso, não é. Não serve para nada. Teorias, teorias, teorias contra teorias.
Enquanto puderem, enquanto quiserem, enquato mentirem: escrevam o já escrito de um jeito novo. Ou escrevam o não escrito de um jeito já dito. Mas nestes dois casos, nada de novo. De novo.
Para o novo, escreva o não escrito de um jeito-modo não dito. Compreendido, talvez. Certo é que será tecido de prazer e o entendimento, este amigo da razão, por horas não goza, só pensa. E pesa.
Arte é prazer que cria seu próprio entendimento, que cabe em tudo, mas nem tudo cabe à arte.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Johann Wolfgang von Goethe
"Do que adianta você ter esta alma colada aos ossos dessa carne errada ?
Sem o risco, a vida não vale a pena.
Se você não quiser arriscar, não comece.
Isso quer dizer: se você arriscar, perder namorada, esposa, filhos, emprego, acabeça, e até a alma.
Mas, é sempre melhor isso do que olhar pra todas essas outras pessoas que nunca acertam porque nunca se propõe ao risco."
Ensaio sobre a cegueira. josé saramago
“O médico só disse, Se eu voltar a ter olhos, olharei verdadeiramente os olhos dos outros, com se estivesse a ver-lhes a alma. A alma, perguntou o velho da venda preta, Ou o espírito, o nome pouco importa, foi então que, surpreendentemente, se tivermos em conta que se trata de pessoa que não passou por estudos adiantados, a rapariga dos óculos escuros disse, Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos.”
Presente do facebook, por Mirela Ferraz
Presente do facebook, por Mirela Ferraz
Gosto
Eu não gosto de criar textos, eles geralmente não criam significado nenhum e continua a incompreensão.
Mas, graças sejam dadas àqueles que criaram coisas que, sem dúvida nenhuma, é de minha autoria.
É tempo de mudança.
Gosto de citar "porque todas as histórias já são conhecidas"(Renato COHEN)
Mas, graças sejam dadas àqueles que criaram coisas que, sem dúvida nenhuma, é de minha autoria.
É tempo de mudança.
Gosto de citar "porque todas as histórias já são conhecidas"(Renato COHEN)
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
A inutilidade da escola [de arte] por Klauss Vianna
"Reafirmo que essas escolas são inúteis porque seus quadros são formados por professores que têm uma mentalidade antiga, ultrapassada, uma visão conservadora da arte. E são exatamente essas pessoas que formam crianças e jovens, que saem dessas escolas já inteiramente malformadas e desinformadas em relação à dança.
Ao invés de escolas oficiais de dança, deveriam ser criados centros de reciclagem para quem quisesse ser professor, para que estes pudessem acompanhar melhor o que existe de mais moderno na didática ou na técnica de dança."
A dança - Klauss VIANNA, p. 44
Ao invés de escolas oficiais de dança, deveriam ser criados centros de reciclagem para quem quisesse ser professor, para que estes pudessem acompanhar melhor o que existe de mais moderno na didática ou na técnica de dança."
A dança - Klauss VIANNA, p. 44
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