quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Esse negócio de filosofia funciona.


Sei o quê.
Mas no momento em que começo a discorrer sobre minha sabedoria filosófica, percebo minha ignorância acerca do tema. Já não o sei. Filosofia não de vida. Filosofia é vida. É viva. Folosofia é para mim, mas a todo o momento que vou dizer sobre ela, já não é. Escapa. Calo e  ela faz-se novamente. Um ciclo interminável de pesquisa que constitui o saber ser. É, mas não se sabe todo. Fragmento de um saber. Filosofia é. Saber sobre a vida que não se sabe. Sobre o conhecimento que não existe. É criação. Invenção de mundo, de vida, de sentido sem um sentido único. É sentido na pele, superfície com o toque de dentro e de fora. É território. Povoado, de solidão, muitos povos e muita solidão. Um conhecimento. Filosofia é. Funciona, funciona, funciona. Em todo momento funciona. Não no dito, mas no vivo! Filosofia é. Pensar, pensar, pensar. Filosofia é, mas dizer sobre não é senão dito sobre um desdito contínuo que cria o novo. Filosofia é desdizer antes de dizer algo. Destruição de constituído do/no constituído. Novidade velha. Novidade do velho. Fruto do passado, medo do futuro, mas tudo, sobretudo, com tudo, presente. Filosofia é vida presente. Presença de vida pensante que cria vida pensante. O outro. Um outro dos mesmos. Outro. Sempre outro. Filosofia é pensar. Pensar é criar. Dizer sobre o pensar é reflexão. Filosofia é flexão. Inflexão na flexão. Pensar. Criar. Inventar. Vida. Funciona. Dizer é dizer, não há filosofia. Filosofia é silêncio. O ruído do pensar. Penso eu. Não. Penso em mim. Filosofia é mim. Em mim. Não d-eu

ao lado de Clarissa Alcantara, provocadora , no III Congresso de Esquizoanálise e Esquizodrama - Saúde Metal e Direitos Humanos - Set/2011.



Texto provocado pela presença de Clarissa Alcântara na "Mesa: “O que é a Filosofia... ou como funciona”, no III Congresso de Esquizodrama e Esquizoanálise - Saúde Mentar e Direitos Humanos promovido em BH pelo Instituto Gregório Baremblitt - Set/2011.

2 comentários:

  1. ... e se puséssemos a mente e seu tempo-pensamento, este produtor de imagens, conceitos, ideias, verdades, fundamentos, repetidor de histórias, acumulador de experiências, diante do incolor e invisível abismo do desconhecido, produzindo o desejo louco de saltar? aí, a mente daria seu último e derradeiro voo numa filosofia que ama, ama, ama perder o rosto e o nome daquilo que ama, e saltaria gritando: ei, amigo, amante da sabedoria, ouve o silêncio berrante desses personagens conceituais!

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