segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Onde estão estes homens de quem ele falou? Será agora o tempo robusto?

O texto a seguir é do final do século XIX. O que guarda de atual é assustador e fascinante.


"Seria necessário um gênero de espíritos diferentes dos atuais, espíritos fortalecidos para a guerra e para a vitória, em quem a conquista, as aventuras, o perigo e a dor fossem necessidades; seria necessário o ar vivo e ligeiro das alturas e das neves perpétuas; seria necessária uma malícia sublime e consciente, a malícia da saúde plena. Mas é hoje possível?... Contudo numa época qualquer, em algum tempo mais robusto que o atual, será necessário que venha este homem 'redentor' do grande amor e do grande desprezo, este espírito criador cuja força de impulso 'fará' ir cada vez mais longe de todo o sobrenatural, o homem cuja solenidade será menosprezada pelos povos como se fosse uma fuga: este homem há de profundar, há de abismar-se, há de enterra-se na realidade para ressuscitar um dia e redimi-la na maldição que é o ideal do presente e da sua natural consequência, o grande tédio, o niilismo; este sol do Meio-dia e do grande juízo; este salvador da vontade, e  a sua esperança; este antiniilista, este vencedor do nada, é necessário que venha um dia..."

A genealogia da Moral, p. 61 - Friedrich Whilhelm Nietzsche

2 comentários:

  1. "O que sabe o homem de si mesmo? (...) Não se lhe emudece a natureza acerca de todas as outras coisas, até mesmo acerca de seu corpo, para bani-lo e tranfiá-lo numa consciência orgulhosa e enganadora, ao largo dos movimentos intestinais, do veloz fluxo das correntes sanguíneas e das complexas vibrações das fibras! Ela jogou fora a chave: e coitada da desastrosa curiosidade que, através de uma fissura, fosse capaz de sair uma vez sequer da câmara da consciência e olhar para baixo, pressentindo que, na indiferença de seu não-saber; o homem repousa sobre o impiedoso, o voraz, o insaciável! Nietzsche

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