sábado, 5 de novembro de 2011

sobre abrigo e sobre perfurá-lo

[...]os homens não deixam de fabricar um guarda-sol que os abriga, por baixo do qual traçam um firmamento e escrevem suas convenções, suas opiniões; mas o poeta, o artista abre uma fenda no guarda-sol, rasga até o firmamento, para fazer passar um pouco do caos livre e tempestuoso e enquadrar numa luz brusca, uma visão que aparece através da fenda [...] Então, segue a massa dos imitadores, que remendam o guarda-sol, com uma peça que parece vagamente a visão; e dos glosadores que preenchem a fenda com opiniões; comunicação. Será preciso sempre outros artista para fazer outras fendas, operar as necessárias destruições, talvez cada vez maiores, e restituir assim, aos seus predecessores, a incomunicável novidade que não mais se podia ver. Significa dizer que o artista se debate menos contra o caos (que ele invoca em todos seus votos, de uma certa maneira), que contra os "clichês" da opinião (DELEUZE e GUATTARI, O que é filosofia?, p. 262)

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