terça-feira, 1 de novembro de 2011

Tempo do medo e anestesia

continuação do Manifesto de arte, Viva!

Vivemos no tempo do medo. Medo da morte. Por isso, ainda não enterramos nosso defunto. Não entendemos as mortes cotidianas. Todo dia é morte. Sentimos medo da morte, assim mantemo-nos moribundos: zumbis, anestesiados.
Nada no mundo é capaz de nos atravessar com tal violência que nos tire um segundo de vida como a morte: nem guerras, nem ditaduras, nem fome na África, nem o frio anual das pessoas da rua, sem roupa. Nem discriminação das minorias, nem ignorância sabida, nem política governamental, nem alienação dos direitos, nem falta à Educação.
Estamos vivendo num mundo que só busca o prazer, mas não o prazer hedonista, é pior. Querem a legalização do torpor sintético, já que sabem não ser possível parar a dor.
Não é o prazer pelo prazer. É o prazer do medo. Medo da dor. Medo da morte.
Queremos (quem, nós?) o prazer, inutilmente acreditando na cessão da dor. Idiotas que somos. Pois a dor vem multiplicada e temos que consumir mais, e consumir tudo. E ver a beleza e o equilíbrio.
Negamos a dor. A dor que nos desperta o humano. Que nos desperta o animal humano.
A arte desperta outro torpor. Ou é fruto do torpor, torpor do não saber fazer de outro modo. O prazer do momento do feitio, do instante criativo.Não fazemos arte observando. Lembramos, pois sempre esquecemos: Hitler foi grande admirador da arte. Mandou construir monumentos, bustos para perpetuar a história. Arte não é constância, não é bem que se endereça, que se cultive. É coisa que passa, fugaz, foi.

Quero o torpor deles. Quero saber qual a droga que consomem dia a dia que os mantêm moribundos, alheios, neste mundo no qual dizem não conseguir viver. Mas não tem coragem de deixar. Paradoxo não entendido, mas explicado. Porque EU já morreu.


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