O presente é sem dúvidas um
presente.
Sem filiação com passado, nem
desejo futuro. Só nele é possível saber tudo e ignorar nada.
É desejo de instante. Daí o
esquecimento é fundamental. Esquecer-se de que o passado viveu e que o futuro
virá.
Infeliz daquele que projeta no
presente um futuro inexiste. Ou que se agarra ao lamaçal prisioneiro do passado
que mata o presente fecundo.
Se somos fruto do passado e
criadores de futuro isso é possível somente graças ao presente em invenção. Não
há passado nem futuro sem um presente inventivo.
No entanto, não ignoremos o
passado ou futuro, mas atentemos que eles são sempre e somente, invenção de um
presente vivo.
Falseamos passados e projetamos
futuro. Projetamos passados nas paredes do presente e falseamos futuros em
presentes videntes e proféticos. Mas o presente, queridos amigos, esse escapa o
tempo todo. Arredio, como criança que brinca e maquina, ao tempo todo. No
presente, alongamos tempos, inventamos, somos inventados.
Não nos ocupemos com o passado,
porque ele nos habita. Já foi habitado por nós. Mas não nos determina. É mina,
sempre implodido e explodido pelo presente dinamite. Que belo garimpo! Não nos preocupemos
com o futuro, porque ele nos escapa pelo movimento presente. Temos o futuro em
jogo, e no presente jogamos. Dados acumulados, dados perdidos, dados criados,
dados lançados, jogadas sempre possíveis. Placar 0 x 0 que aproximado faz
surgir o infinito de moebius.
Não olhe o passado. Ele é invisível.
Não olhe o futuro, ele é inexistente. Perceba o presente que só é possível pelo
presente que é. Presente que trás dentro de si, presentes estimados de passados
e futuros, balandrau festa de instante presente.
Presente é sem dúvidas uma
presente festa.